“Mas o Senhor, que pede de beber, é quem dá a bebida”


“Aquela sede de amor que o levou a descer, a humilhar-se, a ser um de nós”

[Renata Neli, 12/03/2023 – Redação CatolicaWeb] Neste domingo, diante dos fiéis e peregrinos na Praça São Pedro, o Papa em sua catequese dominical do evangelho do dia, antes do Ângelus, nos chama a atenção para o encontro de Jesus com a samaritana.

No encontro, Jesus diz que tem sede, mas é uma sede alem da física. Ele se rebaixa até nós, pois está com sede de nosso amor, mas também é que sacia nossa sede. Assim fala nosso Pontífice:

“A cena nos mostra Jesus sedento e cansado, que deixa a samaritana encontrá-lo no poço na hora mais quente, ao meio-dia, e como um mendigo pede um refresco. É uma imagem do rebaixamento de Deus: Deus rebaixa-se em Jesus Cristo para a redenção, Ele vem a nós. Em Jesus, Deus se fez um de nós, se humilhou; sedento como nós, sofre com o nosso próprio calor. Contemplando esta cena, cada um de nós pode dizer: o Senhor, o Mestre ‘pede-me de beber. Ele está, portanto, com sede como eu. Ele tem minha sede. Você está realmente perto de mim, Senhor! Você está amarrado à minha pobreza – não posso acreditar! – você me tirou de baixo, do mais baixo de mim, onde ninguém me alcança’ (P. Mazzolari, La Samaritana, Bolonha 2022, 55-56). E você desceu a mim e me tirou de lá, porque você estava e está com sede de mim. A sede de Jesus, com efeito, não é só física, mas exprime a sede mais profunda da nossa vida: é, sobretudo sede do nosso amor. Ele é mais que um mendigo, ele tem sede do nosso amor. E surgirá no momento culminante da paixão, na cruz; ali, antes de morrer, Jesus dirá: ‘Tenho sede’ (Jo 19,28). Aquela sede de amor que o levou a descer, a humilhar-se, a ser um de nós.”

“Mas o Senhor, que pede de beber, é quem dá a bebida: ao encontrar a Samaritana, fala-lhe da água viva do Espírito Santo, e da cruz Ele derrama sangue e água do seu lado trespassado. (cf. Jo 19,34). Jesus, sedento de amor, sacia nossa sede com amor. E faz conosco como com a samaritana: vem ao nosso encontro na nossa vida quotidiana, partilha a nossa sede, promete-nos a água viva que faz brotar em nós a vida eterna (cf. Jo 4, 14).”

Este pedido: “dá-me de beber” é também um apelo para que cuidemos dos outros, da nossa casa comum, e da sede das pessoas a nossa volta. Não só de água, mas da Palavra de Deus, nos diz o Papa:

“Dê-me uma bebida. Há um segundo aspecto. Estas palavras não são apenas um pedido de Jesus à samaritana, mas um apelo – às vezes silencioso – que se eleva a nós todos os dias e nos pede para cuidar da sede dos outros. Dá-me de beber diz-nos quantos – na família, no trabalho, nos outros lugares que frequentamos – têm sede de proximidade, de atenção, de escuta; aqueles que têm sede da Palavra de Deus e precisam encontrar um oásis na Igreja onde beber água. Dá-me de beber é o apelo da nossa sociedade, onde a pressa, a pressa de consumir e, sobretudo a indiferença, esta cultura da indiferença geram aridez e vazio interior. E – não esqueçamos – dá-me de beber é o grito de tantos irmãos e irmãs que não têm água para viver, enquanto continuamos a poluir e desfigurar a nossa casa comum; e também este, exausto e ressecado, ‘tem sede’.”

Que a água viva que vem de Deus possa fazer com que cada um de nós seja também fonte de água e alivio para os irmãos necessitados. Em todas as formas, sejamos servos da Palavra de Deus, assim encerra o Papa.

“Perante estes desafios, o Evangelho de hoje oferece a cada um de nós a água viva que pode fazer de nós uma fonte de refrigério para os outros. E depois, como a samaritana, que deixou a sua ânfora junto ao poço e foi chamar o povo da aldeia (cf. v. 28), também nós já não pensaremos apenas em saciar a nossa sede, a nossa vontade material, nossa sede intelectual ou cultural, mas com a alegria de ter encontrado o Senhor saberemos saciar a nossa sede: dar sentido à vida dos outros, não como senhores, mas como servos desta Palavra de Deus que tem sede de nós, que tem sede de nós continuamente; seremos capazes de entender sua sede e compartilhar o amor que Ele nos deu. Apetece-me fazer esta pergunta, a mim e a vós: somos capazes de compreender a sede dos outros? A sede do povo, a sede de muitos da minha família, do meu bairro? Hoje podemos nos perguntar: tenho sede de Deus, percebo que preciso do seu amor como da água para viver? E então, eu que tenho sede, preocupo-me com a sede dos outros, a sede espiritual, a sede material?”

“Que Nossa Senhora interceda por nós e nos ampare no caminho.”

Depois do Ângelus

Depois da oração mariana do Ângelus, nosso Pontífice saudou a todos os presentes, grupos comunidades e fiéis, lembrando sobre a iniciativa “24 horas para o Senhor“, com o Ato de Consagração invocando a paz.

“Na próxima sexta-feira, 17 de março, e no sábado, 18, será renovada em toda a Igreja a iniciativa ‘24 horas para o Senhor’: um tempo dedicado à oração de adoração e ao sacramento da Reconciliação. Na tarde de sexta-feira irei a uma paróquia romana para a celebração penitencial. Há um ano, neste contexto, realizamos o solene Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria, invocando o dom da paz. A nossa entrega não falha, a esperança não vacila! O Senhor escuta sempre as súplicas que o seu povo lhe dirige por intercessão da Virgem Mãe. Permanecemos unidos na fé e na solidariedade com nossos irmãos que sofrem por causa da guerra; sobretudo não esqueçamos o martirizado povo ucraniano!”

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