“Diante do amor de Cristo, até o que parece cansativo e malsucedido pode aparecer sob outra luz”
[Renata Neli, 23/04/2023 – Redação CatolicaWeb] Neste terceiro domingo do Tempo Pascal, nosso pontífice nos convida a refletir o evangelho do dia, que narra o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús.
No início de seu discurso, o Pontífice nos convida a fazer uma releitura de nossas vidas da mesma forma que os discípulos de Emaús fizeram ao contar a todos os acontecimentos a Jesus, mesmo sem o reconhecer:
“Com efeito, também para nós é importante reler a nossa história juntamente com Jesus: a história da nossa vida, de um determinado período, dos nossos dias, com as nossas desilusões e esperanças. Por outro lado, como aqueles discípulos, diante do que nos acontece, também nós podemos nos encontrar perdidos diante dos acontecimentos, sozinhos e incertos, com tantas dúvidas e preocupações, decepções, tantas coisas. O Evangelho de hoje nos convida a contar tudo a Jesus, com sinceridade, sem medo de incomodá-lo – Ele escuta -, sem medo de dizer coisas erradas, sem nos envergonharmos de nossa dificuldade de compreensão. O Senhor fica feliz quando nos abrimos a Ele; só assim pode tomar-nos pela mão, acompanhar-nos e fazer arder novamente o nosso coração (cf. v. 32). Então também nós, como os discípulos de Emaús, somos chamados a conversar com Ele para que, ao anoitecer, Ele permaneça conosco (cf. v. 29).“
Papa Francisco nos propõe a dedicarmos um tempo a examinarmos nossa consciência, atos e ações, e entregar tudo ao amor de Jesus sem barreiras:
“Existe uma bela forma de o fazer, e hoje gostaria de vos propor: consiste em dedicar o tempo, todas as noites, a um breve exame de consciência. O que aconteceu dentro de mim hoje? Essa é a questão. Trata-se de reler o dia com Jesus, de reler o meu dia: de lhe abrir o coração, de lhe trazer as pessoas, as escolhas, os medos, as quedas e as esperanças, tudo o que aconteceu; aprender aos poucos a olhar as coisas com outros olhos, com os olhos Dele e não só com os nossos. Podemos assim reviver a experiência daqueles dois discípulos. Diante do amor de Cristo, até o que parece cansativo e malsucedido pode aparecer sob outra luz: uma cruz difícil de abraçar, a escolha do perdão diante de uma ofensa, uma vingança perdida, o cansaço do trabalho, a sinceridade que custos, as provações da vida familiar poderão aparecer-nos sob uma nova luz, a luz do Crucificado e Ressuscitado, que sabe fazer de cada queda um passo em frente. Mas para isso é importante retirar as defesas: deixar tempo e espaço para Jesus, não lhe esconder nada, trazer-lhe a miséria, deixar-se ferir pela sua verdade, deixar o coração vibrar ao sopro da sua Palavra.“
Nosso Pontífice encerra sua homilia com questionamentos que nos ajudam a melhor fazermos esta releitura de nossos dias e nos entregarmos a Jesus, que sempre caminha conosco:
“Podemos começar hoje, dedicando esta noite um momento de oração durante o qual nos perguntamos: como foi o meu dia? Que alegrias, que tristezas, que tédio… Como foi, o que aconteceu? Quais eram suas pérolas, talvez escondidas, pelas quais agradecer? Havia algum amor no que eu fazia? E quais são as quedas, tristezas, dúvidas e medos para levar a Jesus, para que Ele me abra novos caminhos, me levante e me encoraje? Maria, Virgem sábia, ajuda-nos a reconhecer Jesus que caminha conosco e a reler – eis a palavra: reler – diante dele todos os dias de nossa vida.“
Depois do Regina Coeli
Lembrando o dia Mundial da Terra, e também a Beatificação de Enrico Planchat e Ladislao Radigue, que ocorreu na França, nosso Pontífice, após o Regina Coeli, nos convida a viver a fé e a solidariedade pelos irmãos mais pobres, a exemplo desses irmãos martirizados pela fé:
“Ontem, em Paris, foram beatificados Enrico Planchat, sacerdote da Congregação de São Vicente de Paulo, Ladislao Radigue e três coirmãos da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Pastores animados pelo zelo apostólico, eles compartilham o testemunho da fé até o martírio, que sofreram em Paris em 1871, durante a chamada ‘Comuna’ parisiense. Uma salva de palmas aos novos Beatos!“
“Ontem foi o Dia Mundial da Terra. Faço votos para que o compromisso de cuidar da criação seja sempre acompanhado por uma solidariedade eficaz para com os mais pobres.“
O Papa nos convida a rezarmos pela população do Sudão, e nos fala do dia da Universidade Católica do Sagrado Coração.
“Infelizmente, a situação no Sudão continua grave, por isso renovo meu apelo para que a violência cesse o quanto antes e para que o caminho do diálogo seja retomado. Convido todos a rezarem pelos nossos irmãos e irmãs sudaneses.“
“Hoje é o 99º Dia da Universidade Católica do Sagrado Coração, sobre o tema: ‘Por amor ao conhecimento. Os desafios do novo humanismo.’ Desejo à maior universidade católica italiana enfrentar estes desafios com o espírito dos fundadores, em particular da jovem Armida Barelli, beatificada há um ano.“
Em razão da viagem que fará à Hungria nesta semana, nosso Pontífice nos pede que o acompanhemos em oração, e dirige palavras ao povo húngaro:
“Na próxima sexta-feira viajarei por três dias para Budapeste, na Hungria, completando a viagem que fiz em 2021, para o Congresso Eucarístico Internacional. Será uma oportunidade de voltar a abraçar uma Igreja e um povo tão querido. Será também uma viagem ao centro da Europa, onde continuam a soprar os ventos gelados da guerra, enquanto os movimentos de muitas pessoas colocam na ordem do dia questões humanitárias urgentes. Mas agora desejo dirigir-me a vós com afecto, irmãos e irmãs húngaros, esperando visitar-vos como peregrino, amigo e irmão de todos, e encontrar-vos, entre outros, as vossas Autoridades, Bispos, sacerdotes e pessoas consagradas, jovens, universitários e pobres. Sei que preparais com tanto esforço a minha vinda: agradeço-vos do fundo do coração por isso. E peço a todos que me acompanhem na oração nesta caminhada.“
Nosso Pontífice se despede saudando a todos os grupos, associações, romanos, peregrinos de todos os lugares e nos pede que não nos esqueçamos do povo ucraniano.
“E não vamos esquecer nossos irmãos e irmãs ucranianos, que ainda sofrem com esta guerra.“
“Desejo a todos um bom domingo; e, por favor, não se esqueçam de orar por mim.“