“Três tentações perigosas: O apego às coisas, a desconfiança e a sede de poder”


“A voz benéfica da Palavra de Deus ressoará entre as vozes que se movem dentro de nós”

[Renata Neli, 26/02/2023 – Redação CatolicaWeb], Neste primeiro domingo da Quaresma, nosso Pontífice, diante dos presentes na Praça São Pedro, antes da oração do Ângelus, fez sua catequese dominical refletindo o Evangelho dia, que nos fala de dois temas: as tentações que Jesus sofreu no deserto e tentativa de divisões do diabo.

Jesus veio ao mundo para nos fazer parte da unidade Divina, assim nos diz o Papa:

“De quem o diabo quer dividir Jesus? Depois de receber o batismo de João no Jordão, Jesus foi chamado pelo Pai “meu Filho amado” (Mt 3,17) e o Espírito Santo desceu sobre ele na forma de uma pomba (cf. v. 16). O Evangelho apresenta-nos assim as três Pessoas divinas unidas no amor. Então o próprio Jesus dirá que veio ao mundo para nos fazer participantes da unidade que existe entre Ele e o Pai (cf. Jo 17,11). O diabo, faz o contrário: entra em cena para separar Jesus do Pai e distraí-lo de sua missão de unidade para nós. Divide sempre.”

As três tentações que Jesus passou também passamos em nossas vidas, na tentativa de nos separar do Pai e dos nossos irmãos, levando à solidão e desespero. Assim nosso Pontífice nos fala:

“Agora vamos ver como ele tenta fazer isso. O diabo quer se aproveitar da condição humana de Jesus, que é fraco porque jejuou quarenta dias e teve fome (cf. Mt 4,2). O maligno então tenta incutir nele três poderosos ‘venenos’, para paralisar sua missão de unidade. Esses venenos são o apego, a desconfiança e o poder. Em primeiro lugar, o veneno do apego às coisas, às necessidades; com um raciocínio persuasivo, o diabo tenta sugerir a Jesus: ‘Tens fome, porque queres jejuar? Ouça a sua necessidade, satisfaça-a, você tem o direito e o poder: transforme as pedras em pão’. Depois o segundo veneno, a desconfiança: ‘Tens a certeza – insinua o maligno – de que o Pai quer o teu bem? Teste-o, chantageie-o! Jogue-se do ponto mais alto do templo e obrigue-o a fazer o que você quiser.’ Finalmente o poder: ‘Você não precisa do seu Pai! Por que esperar por seus presentes? Siga os critérios do mundo, leve tudo você mesmo e você será poderoso!’. As três tentações de Jesus, e nós também experimentamos essas três tentações, sempre. É terrível, mas é assim mesmo, até para nós: o apego às coisas, a desconfiança e a sede de poder são três tentações muito difundidas e perigosas, com as quais o diabo se serve para nos separar do Pai e não nos fazer sentir mais irmãos entre nós, para nos levar à solidão e ao desespero. Isto ele quis fazer a Jesus, isto ele quer fazer a nós: levar-nos ao desespero.”

O Papa nos ensina a forma que devemos defender a unidade com Deus: Se apegando à Palavra de Deus – o próprio Jesus vence as tentações usando a Palavra de Deus

“Mas Jesus vence as tentações. E como ele vence? Evitar discutir com o diabo e responder com a Palavra de Deus. Isto é importante: não se discute com o diabo, não se dialoga com o diabo! Jesus confronta-o com a Palavra de Deus e cita três frases da Escritura que falam de libertação das coisas (cf. Dt 8,3), de confiança (cf. Dt 6,16) e de serviço a Deus (cf. Dt 6,13), três frases opostas às tentações. Ele nunca dialoga com o diabo, não negocia com ele, mas rejeita suas insinuações com as palavras benéficas da Escritura. É um convite para nós também: com o diabo não há como discutir! Não há negociação, não há diálogo; você não o derrota lidando com ele, ele é mais forte do que nós. Derrotamos o diabo opondo-lhe fielmente a Palavra divina. Assim Jesus nos ensina a defender a unidade com Deus e uns com os outros dos ataques do divisor. A Palavra divina que é a resposta de Jesus à tentação do diabo.”

Nosso Pontífice encerra esta parte questionando, se usamos a Palavra de Deus como nosso auxílio, se aceitamos e confiamos na graça de Cristo.

“E nos perguntamos: que lugar ocupa a Palavra de Deus em minha vida? Recorro a ela em minhas lutas espirituais? Se tenho um vício ou tentação recorrente, por que, ao procurar ajuda, não procuro um versículo da Palavra de Deus que responda a esse vício? Então, quando vem a tentação, eu a recito, rezo confiando na graça de Cristo. Tentemos, ele nos ajudará nas tentações, nos ajudará muito, porque a voz benéfica da Palavra de Deus ressoará entre as vozes que se movem dentro de nós. Maria, que aceitou a Palavra de Deus e com sua humildade venceu o orgulho de divisor, acompanhai-nos na luta espiritual da Quaresma.”

Depois do Ângelus

Depois da oração mariana do Ângelus,  o Papa demonstrou toda a sua preocupação, com a violência e conflitos entre palestinos e israelenses, além dos ataques terroristas em Burkina Faso, na África. Desta forma, nos pede nossas orações.

“Ainda chegam notícias dolorosas da Terra Santa: muitos mortos, inclusive crianças… Como deter esta espiral de violência? Renovo meu apelo para que o diálogo prevaleça sobre o ódio e a vingança, e rogo a Deus pelos palestinos e israelenses, para que encontrem o caminho da fraternidade e da paz, com a ajuda da comunidade internacional.”

“Também estou muito preocupado com a situação em Burkina Faso, onde continuam os ataques terroristas. Convido-vos a rezar pela população desse querido país, para que a violência sofrida não os faça perder a fé no caminho da democracia, da justiça e da paz.”

Nosso Pontífice mais uma vez nos pede orações pela Ucrânia, mas também pelos mortos, feridos e desaparecidos no naufrágio na costa da Calábria, sudoeste da Itália, e pelos povos atingidos pelo terremoto na Síria e Turquia.

“Esta manhã soube com dor do naufrágio ocorrido na costa da Calábria, perto de Crotone. Quarenta mortos já foram recuperados, incluindo muitas crianças. Rezo por cada um deles, pelos desaparecidos e pelos demais migrantes sobreviventes. Agradeço aos que trouxeram ajuda e aos que acolhem. Que Nossa Senhora ampare estes nossos irmãos e irmãs. E não esqueçamos a tragédia da guerra na Ucrânia, já um ano de guerra. E não vamos esquecer a dor do povo sírio e turco pelo terremoto.”

O Papa encerrou saudando a todos os presentes, fiéis e peregrinos, da Itália e de outros países, deu boas-vindas a Associação Italiana de Doadores de Órgãos em seu 50º aniversário, e a todos que estavam ali por ocasião do Dia das Doenças Raras, que acontece no próximo dia 28.

“Dou as boas-vindas à Associação Italiana de Doadores de Órgãos, que celebra seu 50º aniversário: agradeço seu compromisso com a solidariedade social e exorto-os a continuar promovendo a vida por meio da doação de órgãos. Uma saudação especial, portanto, a todos os que vieram por ocasião do Dia das Doenças Raras, que será depois de amanhã: renovo o meu encorajamento às Associações de doentes e familiares; não perca nossa proximidade, especialmente com as crianças, para fazê-las sentir o amor e a ternura de Deus.”

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