“A beleza de Cristo não é alienante, leva-te sempre para frente, não te faz esconder: avança!”
[Renata Neli, 05/03/2023 – Redação CatolicaWeb], Neste domingo, na praça São Pedro, nosso Pontífice, diante dos fiéis e peregrinos, fez a sua catequese a respeito evangelho deste segundo domingo da quaresma, sobre a Transfiguração de Jesus.
Jesus subiu ao monte e levou três de seus discípulos, se transfigurou e revelou toda a sua beleza como Filho de Deus. E, nesta cena, o Papa nos chama a refletir:
“Detenhamo-nos um pouco nesta cena e perguntemo-nos: em que consiste esta beleza? O que os discípulos vêem? Um efeito espetacular? Não é isso não. Eles vêem a luz da santidade de Deus brilhar no rosto e nas vestes de Jesus, a imagem perfeita do Pai. Revela-se a majestade de Deus, a beleza de Deus, mas Deus é Amor, e por isso os discípulos viram com os próprios olhos a beleza e o esplendor do Amor divino encarnado em Cristo. Eles tiveram uma prévia do céu! Que surpresa para os discípulos! Eles tiveram a face do Amor diante de seus olhos por tanto tempo, e nunca haviam percebido como era lindo! Só agora eles percebem isso e com muita alegria, com imensa alegria.”
Esta beleza revelada é a preparação para que, mesmo desfigurados, possamos reconhecer Jesus – ele é a luz que nos faz seguir em frente. Assim nos diz nosso Pontífice:
“Jesus, na realidade, com esta experiência os está formando, os está preparando para um passo ainda mais importante. Em breve, de fato, eles terão que saber reconhecer a mesma beleza nele, quando ele subir na cruz, e seu rosto estiver desfigurado. Pedro se esforça para entender: ele gostaria de parar o tempo, colocar a cena em ‘pausa’, ficar ali e prolongar essa experiência maravilhosa; mas Jesus não permite. De fato, a sua luz não pode ser reduzida a um ‘momento mágico’! Assim, tornar-se-ia uma coisa falsa e artificial que se dissolve na névoa dos sentimentos passageiros. Pelo contrário, Cristo é a luz que orienta o caminho, como a coluna de fogo para o povo no deserto (cf. Ex 13,21). A beleza de Jesus não afasta os discípulos da realidade da vida, mas dá-lhes a força para o seguirem até Jerusalém, até a cruz. A beleza de Cristo não é alienante, leva-te sempre para frente, não te faz esconder: avança!”
Jesus nos ensina que esta beleza luminosa é o amor, e que precisamos reconhecer também nos rostos daqueles que estão à nossa volta, encher nossos corações e sermos luz para o próximo, com obras de amor, assim fala o Papa:
“Irmãos e irmãs, este Evangelho traça um caminho também para nós: ensina-nos como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil compreender tudo o que Ele diz e faz por nós. Com efeito, é estando com Ele que aprendemos a reconhecer no seu rosto a luminosa beleza do amor que se dá, mesmo quando carrega os sinais da cruz. E é na sua escola que aprendemos a perceber a mesma beleza no rosto das pessoas que caminham todos os dias ao nosso lado: familiares, amigos, colegas, aqueles que cuidam de nós das mais variadas formas. Quantos rostos luminosos, quantos sorrisos, quantas rugas, quantas lágrimas e cicatrizes falam de amor ao nosso redor! Aprendemos a reconhecê-los e a encher o coração com eles. E depois partimos, para levar também aos outros a luz que recebemos, com obras concretas de amor (cf. 1 Jo 3, 18), mergulhando mais generosamente nas nossas ocupações quotidianas, amando, servindo e perdoando com maior entusiasmo e disponibilidade. A contemplação das maravilhas de Deus, a contemplação do rosto de Deus, do rosto do Senhor, deve impelir-nos a servir os outros.”
E nosso Pontífice encerra fazendo vários questionamentos, mas principalmente se sabemos reconhecer a verdadeira luz do amor de Deus, em nossa vida, nas pessoas ao nosso redor, ou nos perdemos na luz artificial dos ídolos?
“Podemos nos perguntar: sabemos reconhecer a luz do amor de Deus em nossa vida? Reconhecemo-lo com alegria e gratidão no rosto das pessoas que nos amam? Estamos olhando ao nosso redor em busca de sinais dessa luz, que enche nossos corações e os abre ao amor e ao serviço? Ou preferimos o fogo de palha dos ídolos, que nos alienam e nos fecham em nós mesmos? A grande luz do Senhor e a falsa luz artificial dos ídolos. O que eu prefiro?”
“Maria, que guardou no coração a luz do seu Filho, mesmo nas trevas do Calvário, acompanha-nos sempre no caminho do amor.”
Depois do Ângelus
Depois da oração mariana do Ângelus, o Papa fala com pesar do acidente de trem ocorrido na Grécia, que vitimou a maioria de jovens. Também lembra o naufrágio de Cutro na Itália, fazendo assim um apelo para que os culpados sejam punidos, para que não se repitam tragédias como esta:
“Nestes dias, muitas vezes os pensamentos se voltam para as vítimas do acidente de trem na Grécia: muitos eram jovens estudantes. Eu rezo pelos mortos; Estou perto dos feridos, dos familiares, que Nossa Senhora os conforte.”
“Expresso minha dor pela tragédia ocorrida nas águas de Cutro, perto de Crotone. Rezo pelas numerosas vítimas do naufrágio, pelas suas famílias e pelos sobreviventes. Expresso o meu apreço e gratidão à população e às instituições locais pela solidariedade e aceitação destes nossos irmãos e irmãs e renovo o meu apelo a todos para que semelhantes tragédias não se repitam. Os traficantes de pessoas devem ser detidos, não continuem a se desfazer da vida de tantos inocentes! Jornadas de esperança nunca mais se transformem em jornadas de morte! Que as águas límpidas do Mediterrâneo não sejam mais ensangüentadas por tão dramáticos incidentes! Que o Senhor nos dê forças para entender e chorar.”
Nosso Pontífice saudou a todos os fiéis, peregrinos, comunidades e grupos ali presentes de vários países, mas em especial à comunidade ucraniana de Milão.
“Saúdo todos vós, romanos e peregrinos da Itália e de vários países. Em particular, saúdo a comunidade ucraniana de Milão, que veio por ocasião do IV centenário do martírio do Bispo São Josafá, que deu a sua vida pela unidade dos cristãos. Queridos amigos, recomendo o vosso empenho no acolhimento dos vossos compatriotas que fugiram da guerra. Que o Senhor, por intercessão de São Josafá, conceda a paz ao martirizado povo ucraniano.”