Fomos criados para eternidade

É fato que nossa vida é constituída de momentos ou instantes caracterizados pelas nossas emoções. Geralmente, aqueles períodos de felicidade nós queremos que eles sejam eternos e, os infelizes, nem gostaríamos de senti-los.

Nossos sentidos nos enganam neste aspecto, pois parece que os bons momentos são infinitamente menores que os maus, parece que o tempo demora pra passar quando a dor é latente e totalmente oposto quando o sentimento é de celebração.

Isto são ilusões criadas pela nossa mente, corpo e modo de vida.

Sendo realista, um instante é um instante, ou seja, não há diferença de tempo entre um e outro, o que nos prende mais em um tempo é esta ilusão sensorial a qual nos apegamos, pois quase tudo que experimentamos passa pelos sentidos. A cicatrização de um corte, por exemplo, dura um determinado período, mas para quem sofreu o corte parece durar muito mais do que para quem apenas presenciou o processo de recuperação da lesão.

O nossos sentidos fazem o tempo mais longo ou mais curto, dependendo exclusivamente da forma como experienciamos tais situações.

Isso é tão complexo, que Deus mesmo precisou experimentar isto.

Jesus, quando se tornou homem, experimentou esta dependência do tempo e como nossos sentimentos interferem significativamente em nossas vidas. Tomemos como exemplo os quarenta dias no deserto: Ele ficou sem alimento e água ou pelo menos de maneira mais restrita a estas coisas e o diabo procurou induzi-lo a transformar pedras em pães. A fome foi uma sensação vivida e experienciada por Jesus e, de alguma forma e se é que podemos dizer assim, isto foi algo “novo” para Deus.

No relato da ressureição de Lázaro, momentos antes do milagre ocorrer, Jesus chorou e agiu por impulso de profunda emoção. Ora, ações impulsivas são características exclusivamente humanas e promovidas por um estresse emocional, ou seja, novamente Ele vivenciou e experienciou algo puramente humano e “novo” para Deus.

É um mistério se de fato isto foi algo inédito a Deus, talvez só diante Dele teremos esta resposta, mas uma coisa é fato: Deus não nos criou para este tempo, Ele nos criou para a eternidade!

O que é eterno não depende de instantes e muito menos do tempo. O que é eterno não depende do clima ou de estado de humor. O que é eterno não depende de saúde ou doença. O que é eterno apenas É.

Fomos criados para Ele, pois somente Ele É o que É.

Enquanto estamos nesta terra somos apenas sombra bem difusa do que seremos no Céu, pois lá o tempo, a dor, a corrupção de corpo e alma não possuem poder algum. Diante da Glória e Majestade de Deus só há o Amor. Aqui vivenciamos lampejos deste Amor e nossa natureza corrompida é obstáculo para a contemplação perfeita e pura deste Amor. Nem mesmo o maior amor que sentirmos aqui será ao menos parecido com este Amor.

Dessa forma, nossos sentidos se apegam a coisas sensoriais e nos torna egoístas e indiferentes ao propósito fundamental o qual fomos criados. Se no egoísmo permanecermos, nunca seremos capazes de estar diante Dele.

É preciso desapegar-se e compreender que aqui não é nosso fim, que todos nós devemos nos encontra lá no Céu com Deus, pois lá e somente lá estaremos todos sempre e para sempre juntos!

É lá que estaremos partilhando e vivenciando algo não temporal e eternamente durável. Não sei se isto será da maneira como sentimos ou reagimos, mas fato é que lá não há mais separação entre nós e aqueles que amamos. Se amamos Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo aqui na terra, então lá no Céu viveremos o ápice desta palavra, pois lá estarão e estão, por Graça e Misericórdia de Deus, todos aqueles que guardaram a fé e lutaram o bom combate, apesar de seus pecados.

É para a Vida que fomos criados e vamos todos nos encontrar lá no Céu. Não haverá mais saudades e despedidas. Não haverá mais dor e sofrimento. Não haverá mais nada que seja diferente do Amor.

Enquanto não chegarmos lá no Céu, fica um “até logo” dolorido, mas necessário, pois esta rápida despedida se transformará em um grande e lindo abraço lá no Céu.

De um católico qualquer,
Gabriel Bondioli Piterutti


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