O viver que alimenta a nossa Fé
O que sua Fé vive? É estranha esta pergunta, mas, se observar bem, você verá que é uma pergunta mais do que pertinente na vida de qualquer pessoa Cristã Católica.
A nossa Fé é algo que tem que ser vivenciada, ou seja, tenho que viver de maneira coerente com aquilo que acredito. Por outro lado, aquilo estou vivendo em meu dia-a-dia interfere diretamente naquilo que acredito. Podemos dizer que há uma relação biunívoca entre a Fé que vivencio e a vivência da Fé.
Confuso? Sim, mas espero me expressar melhor agora.
Aquilo que temos por Fé, nos foi transmitida pela Tradição da Igreja e pelo testemunho dos apóstolos. Ao rezar o Credo, estou afirmando as verdades que me foram ensinadas pela Igreja e pelo próprio Jesus através dos relatos das escrituras e pregações dos cristãos da igreja primitiva. E essa Fé é um símbolo que nos coloca como Cristãos Católicos Apostólicos Romanos e isto interfere no nosso modo de vida.
Se nos identificamos com esta Fé e a acolhemos, estamos dispostos a viver observando as práticas e ensinamentos que a acompanha. De maneira mais direta, não adianta dizer que temos Fé, se nossas atitudes são contrárias ao modo de vida que Jesus nos propõe.
Não podemos nos assumir Cristãos Católicos, se não praticamos a caridade, as boas ações, se não rezarmos uns pelos outros ou nos ajudar quando estivermos enfrentando dificuldades.
Não adianta receber a Fé, é preciso alimentar essa Fé com nosso viver coerente com o que ela nos traz.
Em contra partida, se meu viver não nutre a Esperança, não será possível eu alimentar a Fé, pois é nas adversidades que a Fé pode enraizar-se cada vez mais em nossos corações. Os obstáculos são, na realidade, impulsos para nossa Fé, desde que eu tenha consciência de que é passageira a presente tribulação. De certa forma, nossa vida possui contra tempos que nos revelam a Graça de ser pacientes e perseverantes em nossa crença.
É pela perseverança que podemos produzir a Esperança que não engana como diz São Paulo:
“Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por ele é que tivemos acesso a essa graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus. Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Romanos 5, 1 – 5)
Então, se meu viver nutre esta Esperança que não engana e a Fé me move a viver, posso dizer que estou, por Graça e méritos exclusivos de nosso Senhor Jesus Cristo, no caminho correto para alcançar a glória no Céu e sabemos que a Fé transmitida pelos apóstolos e pela Tradição da Igreja nos move para este fim.
Mas e o nosso viver? Ele nos move para este fim? Aqui recordo a pergunta do início do texto: O que sua Fé vive?
Se a Fé que recebemos não encontra em nós um viver que nos mova para a glória no Céu, certamente esta Fé irá morrer com o tempo, pois não encontrou dentro de nós a “terra boa” que nos diz a parábola do semeador. Se a Fé não encontrar lugar em nossos corações para ser alimentada com a Esperança que não engana, ela irá morrer. Se a Fé não encontrar ações e atitudes que nos mova ao Céu, ela irá morrer.
É como se fossem duas forças: a Fé e nosso viver. A Fé atua sempre em direção ao Céu, mas nosso viver pode atuar contra esta direção. Talvez não consigamos que nosso viver atue integralmente na direção do Céu, mas o “saldo” gerado pela diferença entre ações que me levam pro Céu e as que não me levam pro Céu deve ser a favor da Fé.
Por isso temos que nos espelhar na vida dos Santos, pois mesmo sendo pecadores como nós somos, eles tiveram um “saldo” a favor e a Fé deles encontrou lugar para se instalar e foi pacientemente nutrida com a Esperança que não engana.
Somente pela perseverança, contrição perfeita e coerência nós poderemos, um dia, estar juntos no Céu.
Insisto na pergunta: O que sua Fé vive? Pare uns minutos e reflita sobre isto.
Que possamos abraçar a Fé. Que, ao recebê-la, separemos “o melhor terreno” de nosso coração, para que ela possa enraizar-se profundamente. Que alimentemos esta Fé com a Esperança que não engana. Que meu viver esteja sempre a favor da Fé e produza obras que frutifiquem segundo a Ação do Espírito Santo. Que tenhamos os Santos como exemplos e intercessores, para que, um dia, também nós estejamos juntos no Céu diante de Deus.
De um católico qualquer,
Gabriel Bondioli Piterutti
A foto que escolhi: Que possamos nutrir nossa Fé, para que ela floresça de maneira saudável e bela.