Pelo Espírito Santo, o sacerdote nos concede o maior Tesouro: O Corpo e o Sangue de Jesus
[Gabriel Bondioli, 01/06/2021 – Redação CatolicaWeb] No dia 3 de junho deste ano, celebramos o 154º Corpus Christi do ano. Não, você não leu errado, pois desde o início do ano até o dia 3 de junho serão completos 154 dias e todos eles são Corpus Christi. E não acaba neste dia, no dia 4 de junho teremos o próximo, o 155º do ano, e no sábado, no domingo, até o fim do ano teremos diariamente um Corpus Christi.
Sem mais rodeios, a data oficial de Corpus Christi, isto é, a primeira quinta-feira após o domingo da Solenidade da Santíssima Trindade, é uma formalidade para o calendário da Igreja onde ela procura nos recordar da importância do Sacramento do Altar.
Entretanto, esta importância, para um cristão católico, deveria ser tão natural quanto respirar. A Eucaristia é o centro de uma missa e, entre tantos outros momentos importantes que a compõe, sem dúvida alguma a consagração é o ponto máximo em todos os sentidos.
Todos os outros momentos se tornam menores diante do Milagre da Transubstanciação onde o pão não é mais pão e o vinho não é mais vinho. Não é um mero rito, uma vez que o sacerdote teve suas mãos ungidas com o óleo santo no dia de sua ordenação, ele pode, por Graça de Deus e pela ação do Espírito Santo, oferecer gratuitamente este milagre a nós.
Repare que, na ausência de um sacerdote, todos os outros momentos podem ser ministrados por leigos que possuem a devida formação de ministro da palavra. Podemos pedir perdão a Deus, glorificar seu Santo Nome, refletir a sua Palavra, preparar o altar para a distribuição do Sacramento e isso é tão factível que há ministros que podem levar a Eucaristia para os enfermos ou pessoas que não podem de maneira alguma ir à celebração e fazer uma breve oração para a distribuição do Sacramento.
A única parte, e a mais importante, que não pode ser feita pelo ministro é a consagração, tal ato é um privilégio exclusivo dos sacerdotes e somente eles podem consagrar o pão e vinho em Corpo e Sangue.
Isto é tão forte, que nem mesmo os anjos no céu ou qualquer outra pessoa na terra ou no céu, a não ser um sacerdote, pode efetuar este ato de consagrar.
A Eucaristia é o testamento deixado por Jesus na última ceia com seus apóstolos e suas palavras são bem claras:
“Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós…” (Lucas 22, 19 – 20)
Neste momento, o Senhor deu uma ordem direta a seus discípulos e ao dizer “fazei isto memória de mim”, Deus Filho se rebaixa ainda mais, pois se tornou ainda mais frágil que o ser humano.
Não bastava assumir a condição humana, Ele mesmo quis se tornar alimento para o homem e esta foi a forma que Ele encontrou para ficar sempre conosco. O Amor de Jesus por nós é tão imensurável que não era suficiente abrir mão da sua condição divina, não era suficiente sofrer e morrer na cruz, não era suficiente ressuscitar e ir para o Pai, não era suficiente mandar o Seu Próprio Espírito em Pentecostes, era preciso habitar num pedacinho de pão, numa simples gota de vinho, para poder ser parte de nós por inteiro, parte da nossa carne e do nosso sangue.
O Amor que Jesus sente por nós é capaz de se anular por inteiro e sem resistência alguma, é um Amor que, ao se desfazer na comunhão, se sacrifica particularmente dentro de nós.
Então podemos dizer que onde houver uma Celebração Eucarística presidida por um sacerdote, teremos um dia de Corpus Christi e, para nossa sorte, todos os dias há uma igreja rezando uma missa. O único dia em que não há consagração é a Sexta-feira Santa, mas ainda há a distribuição do Corpo do Senhor que foi consagrado na Quinta-feira Santa e, junto com a memória da morte do Senhor, nos deve recordar o quão infinito é Seu Amor, pois é o mesmo Corpo e Sangue que foi maltratado, humilhado, derramado e pregado na cruz que está ali diante de nós na fila da comunhão.
Também é preciso chamar nossa própria atenção (principalmente a minha!!!) de que devemos ter muito zelo e carinho por este Sacramento. Infelizmente, às vezes, nos aproximamos do Santíssimo Sacramento de qualquer jeito e, apesar de saber que ali reside o Amor e o sacrifício de Deus Filho, não conseguimos nem ao menos ficar em silêncio na fila, passamos a frente das pessoas ou escolhemos a fila do padre e não a do ministro como se fosse isso fizesse diferença.
E quantas vezes (me incluo primeiramente nesse grupo), comungamos em situação de pecado ou nem prestamos atenção a uma palavra sequer da celebração. Por pura Graça de Deus, o Senhor confiou também aos sacerdotes o Sacramento da Reconciliação! Ai de nós se não fosse este Sacramento!
Sem esse Sacramento a comunhão é impossível, pois é o mínimo que posso fazer para poder receber o próprio Deus em meu miserável ser!
Ainda há quem diga que na Igreja Católica as pessoas não encontram Jesus! Esse é o maior absurdo que nós cristãos católicos podemos ouvir!
Contudo, eu ressalto que para haver este encontro pessoal com Jesus são necessárias duas coisas fundamentais e, a meu ver, a primeira delas depende de nós, membros da Igreja, e a segunda não.
A primeira coisa é o nosso próprio testemunho. Nós não somos exemplos pra ninguém, pois em nós habita o pecado, entretanto o Senhor se doa a nós na Eucaristia e de muitas outras formas, então, por Graça de Deus e pura misericórdia do Senhor, se o nosso ser se abrir minimamente à ação do Seu Espírito, nós podemos transparecer a alegria que é conhecer este Deus tão maravilhoso escondido (e sempre a mostra) a quem o quer encontrar. Se minhas ações não transparecerem esta alegria e minhas ações forem contraditórias a ponto de afastar as pessoas do Senhor, eu temo por minha alma no dia em que estiver diante do Senhor, pois eu trabalhei contra o Seu Reino!
E a segunda é a pessoa querer encontrá-Lo! Se a pessoa não der abertura, é impossível ela encontrar o Senhor, porque só possível estabelecer um encontro se ambas as partes querem de fato o início desta relação e, da parte do Senhor, é evidente que Ele anseia o momento deste encontro. É muito fácil dizer que encontrou o Senhor fora da Igreja Católica, pois Ele está em todo lugar e não se nega a ninguém, e, se houve encontro, com certeza houve uma brecha dada por quem O encontrou.
Ainda reforço que ouvir que “Cristo não foi encontrado” na nossa Igreja é, para nós cristão católicos, vergonhoso e deve nos levar a seguinte indagação: O que eu posso fazer para que as pessoas não digam um absurdo deste?
E eu acredito que o passo fundamental para responder esta pergunta é exatamente o princípio do Corpus Christi! É pela adoração ao Senhor e com uma contrição perfeita para poder se aproximar do Sacramento do Altar que vamos apresentar esse Deus Infinito e Onipotente num finito e frágil pedacinho de pão! É somente compreendendo que a Celebração Eucarística é o Memorial da Paixão do Senhor e que tudo é secundário diante disso! Em primeiro lugar vem o sacrifício do Senhor e em segundo o sacrifício do nosso santo de devoção, vem o lenho da cruz do Senhor e depois o martírio dos padroeiros, vem o Amor do Senhor por nós e depois a intercessão dos santos por nós.
E ainda temos a presença de Maria que gerou este Corpo que nós comungamos. É o Corpo humano que provém Dela que comungamos e Ela soube como ninguém receber e conhecer este Corpo desde sua concepção até seu sepultamento. Maria guardou e zelou por Ele.
E nós devemos proteger este Sacramento que é inúmeras vezes ridicularizado e profanado! Devemos aprender com Nossa Senhora a ter este cuidado e carinho a Eucaristia.
Que nesta festa do Corpo de Cristo possamos retribuir, mesmo que pouco, a este carinho e Amor que se humilha todos os dias para dizer o quanto nos ama. Que saibamos acolher as ações inspiradas pelo Espírito Santo e fazer com que mais pessoas possam ter a chance de se encontrar com o Senhor. Que saibamos nos encontrar com o Senhor na próxima Celebração Eucarística. Que o Santíssimo Sacramento seja adorado e amado hoje e sempre nesta terra de Santa Cruz!
Graças e louvores sejam dados neste momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento! (3x)
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como era no princípio, agora e sempre, amem. (3x)