Um breve momento que nos une ao Sacrifício do Senhor.

Dentre tantos momentos da Celebração Eucarística, o momento que mais aprecio é o ofertório. São tantas simbologias que significam tanto, que cada breve gesto daria para escrever textos e mais textos sobre o que representam.

Há dois personagens principais, os conhecidos pão e vinho que serão ofertados e irão, pela Ação do Espírito Santo, se tornar o Corpo e Sangue de nosso Senhor.

Eu gosto de imaginar que, no momento que o sacerdote eleva o pão, eu entrego tudo o que fiz durante a semana. Ou seja, tudo que eu consegui fazer de bom e de ruim, porque isso é ofertar a minha vida e o que sou capaz de executar.

Na hora que o padre eleva o cálice com o vinho, eu entrego os meus sentimentos, os bons e os ruins. Entregando isto, eu oferto aquilo que sinto e todos os desdobramentos disto em meus pensamentos e gestos.

Com meu corpo e mente sendo ofertados juntamente com o pão e o vinho, eu estou me entregando por inteiro e querendo ser parte daquele momento.

É oportuno pensar deste modo, pois o sacerdote, ao colocar uma gota de água no vinho, está, simbolicamente, colocando a humanidade junto do Sangue de Cristo. Claro que neste momento a água ainda é água e o vinho ainda é vinho, mas ao invocar o Espírito Santo e consagrar o pão e o vinho teremos a humanidade imersa no Sangue do Senhor.

É uma Graça muito grande poder se ofertar neste momento e ter nosso ser por inteiro, corpo e mente, unidos tão intimamente com o Sacrifício do Senhor.

É uma honra a qual nunca iremos conseguir retribuir.

Ofertar o que temos e o que somos, é entregar ao Senhor algo imperfeito que, por Sua Infinita Misericórdia, pode produzir Frutos concretos.

Na oferta do meu desamor, pelo Amor Dele, isto é transformado em amor. Na oferta da minha impiedade, pelo Amor Dele, isto é transformado em piedade. Na oferta do meu pecado, pelo Amor Dele, isto é transformado em santidade.

Na oferta da imperfeição, pelo Amor Dele, isto é transformado em perfeição.

Claro que o que fazemos de bom também é transformado em coisas infinitamente melhores, mas o fato de entregar o que em nós é motivo de condenação e ter a oportunidade de ser transformado em Salvação é (mais uma) prova do quanto Deus nos ama.

E o preço desta transformação é o Corpo e Sangue que foi aniquilado e derramado na cruz, simbolizado pelo momento em que o sacerdote parte a Hóstia Consagrada no momento do cordeiro.

Participar do Memorial da Paixão do Senhor com este pensamento é transformar nossa vida num grande campo, onde o Senhor planta e colhe Graças, Milagres e Dons. E se nós cuidamos do que Ele planta e cuidamos até o tempo da colheita, teremos uma multiplicação virtuosa destes Frutos e todos nós, servos do Senhor, vamos ter parte disto.

Quando aceitamos o chamado do Senhor, Deus Pai planta em nós estes Frutos e nós, pelo Espírito Santo, vamos alimentando este presente do Senhor. Deste modo, quando Jesus vier, vamos poder recebe-lo e entregar estes Frutos para sua colheita.

O Senhor mesmo nos alerta sobre nosso proceder em relação aos Frutos:

“Ouvi outra parábola: havia um pai de família que plantou uma vinha. Cercou-a com uma sebe, cavou um lagar e edificou uma torre. E, tendo-a arrendado a lavradores, deixou o país. Vindo o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolher o produto de sua vinha. Mas os lavradores agarraram os servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Enviou outros servos em maior número que os primeiros, e fize­ram-lhes o mesmo. Enfim, enviou seu próprio filho, dizendo: Hão de respeitar meu filho. Os lavradores, porém, vendo o filho, disseram uns aos outros: Eis o herdeiro! Matemo-lo e teremos a sua herança! Lançaram-lhe as mãos, conduziram-no para fora da vinha e o assassinaram. Pois bem: quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores?” Responderam-lhe: “Mandará matar sem piedade aqueles miseráveis e arrendará sua vinha a outros lavradores que lhe pagarão o produto em seu tempo”. Jesus acrescentou: “Nunca lestes nas Escrituras: A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos (Sl 117,22)? Por isso, vos digo: será tirado de vós o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele. [Aquele que tropeçar nesta pedra, far-se-á em pedaços; e aquele sobre quem ela cair será esmagado.]. (Mateus 21, 33 – 44)

Este aviso que Jesus deu aos judeus, também serve para nós, mas, em Sua Segunda Vinda, Ele não dará mais avisos ou nos ensinará novas coisas, pois este tempo é agora e a colheita pertence a Ele, mesmo que seja produzido em nós. Que possamos ofertar sempre nosso ser por inteiro, de modo que Ele possa plantar, colher e frutificar cada vez mais e mais. Que nas Celebrações Eucarísticas prestemos mais atenção aos gestos e seus significados. Que tenhamos plena consciência de que TUDO pertence a Ele e que nós somos apenas servos e fazemos apenas o nosso dever em cuidar de Sua Vinha.

De um católico qualquer,
Gabriel Bondioli Piterutti


A foto que escolhi: Que a nossa vida seja uma oferta que, unida ao Sacrifício do Senhor, Frutifique e sirva para nossa santificação.
Anterior EP 15: Já silenciou hoje?
Próximo Leo Mantovani lança versão acústica de sucesso da cantora católica Celina Borges