Quanto mais o tempo passa, mais queremos ficar a sós com nossas coisas.

Necessitamos de muitas coisas em nossa vida, talvez tenhamos uma tendencia em desejar coisas materiais que são necessárias, mas talvez exista um item que é essencial para nós.

Estou falando da paciência.

Estamos estressados e alguns de nós estamos vivendo no limite. Não temos mais aquela calma para lidar com as situações ou com as pessoas que estão a nossa volta.

Somos grosseiros, ríspidos, bravos e o pior de tudo é que agimos sem querer ser assim. Estamos no automático, querendo apenas chegar ao final do dia sem surtar consigo mesmo ou com o próximo.

Não somos mais pacientes conosco ou com que está a nossa volta, em geral, queremos evitar qualquer tipo de problema ou situação que nos leve a nos doar um pouco mais. Estamos perdendo cada vez mais a sensibilidade e isso é algo que tem se agravado com o tempo.

Nossa vida está cada vez mais desinteressante e estamos cada vez mais desinteressados pela vida. Esta indiferença pode ser cruel ao longo dos anos.

Conforme vamos ficando mais velhos, tendemos a ficar mais sozinhos, mais carrancudos e não temos mais vontade de interagir com os outros, principalmente com os mais novos.

Deveríamos, com a experiência, alertar os mais novos a trilharem caminhos diferentes ou que sejam mais fáceis de percorrer, mas nós mesmos não temos essa mentalidade de que podemos contribuir para o crescimento de alguém.

É bem verdade que a pouca idade se confunde com uma certa arrogância em não querer ouvir os de mais tempo de vida, mas quantos gostariam de ter a oportunidade de conversar com quem tem muito a ensinar e não vemos isto acontecer por culpa de nosso “piloto automático” e da nossa “falta de tempo” para o outro.

É triste ver que tantas coisas poderiam ser evitadas, se no lugar de um “não tenho tempo” colocássemos “vamos tomar um café e conversar um pouco”.

Talvez nossa vida esteja muito errada ou nós estamos errando enquanto vivemos, mas o fato é que hoje é sempre o melhor dia para tentar ser diferente e um pouquinho melhor.

Hoje é o tempo que eu tenho e este tempo é o que tenho pra hoje.

Precisamos, urgentemente, parar de condicionar e conjugar as coisas em função do tempo. Talvez, o que me resta de vida seja até o final de escrever este texto ou não, mas nunca saberei ao certo quanto tempo terei ainda. Não devemos acumular coisas e mais coisas sem fundamento ou sem transmitir isso para alguém.

De que vale juntar se não poder usufruir de tudo com os outros?

Se não pudermos usufruir de nossos bens físicos e emocionais com os outros, nossa vida não tem sentido algum. Só existe um verdadeiro sentido em viver, se pudermos compartilhar com outras pessoas este viver.

Também é preciso estar com pessoas que querem mutuamente estar em comum união e partilha de si mesmo, porque se não for assim, temos os amigos de conveniência que apenas querem o que podemos oferecer e não o que somos.

Deste modo, viver só alcança um real sentido se podemos compartilhar sem interesse em retorno.

“E propôs-lhe esta parábola: “Havia um homem rico cujos campos produziam muito. E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas que ajuntaste de quem serão? Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus” (Lucas 12, 16 – 21)

Não devemos acumular coisas em nós. Tudo deve passar por este exercício de doação, seja material ou intelectual, devemos colocar a disposição também do nosso próximo. Não vamos perder nada em fazer isto, pois é partilhando que podemos multiplicar nossos bens. Que possamos doar mais do nosso tempo ao outro. Que, pela Graça de Deus, possamos obter o que necessitamos e que tenhamos a sensibilidade de compartilhar com os que necessitam. Que possamos ajudar e auxiliar os mais novos a trilharem caminhos bons. Que tenhamos paciência em ouvir os mais velhos. Que tenhamos a consciência que tudo vem de Deus e para Ele tudo irá voltar.

De um católico qualquer,
Gabriel Bondioli Piterutti


A foto que escolhi: Que o nosso tempo seja sempre uma doação ao próximo e a serviço do Senhor.
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