O aprendizado nos insucessos.

Talvez a habilidade mais interessante do ser humano é de poder “se reinventar” e se recuperar de fracassos anteriores. É fato também que somos constituídos de fracassos e sucessos e vivemos sob a sombra disto.

Quem sabe andar de bicicleta, certamente, se recorda de quando aprendeu esta habilidade. Pode ser que a lembrança carregue um tombo ou aquele frio na barriga quando pegou um trecho de descida, mas isto, de alguma forma, proporcionou uma evolução na competência “andar de bicicleta”.

Toda habilidade passa por estas pequenas provas, no exemplo da bicicleta, começamos andando em linha reta, aprendemos a continuar pedalando para manter o equilíbrio, depois fazemos algumas curvas, pegamos descidas, subidas, aprendemos a “ficar de pé” para conseguir pedalar mais forte, mas vamos aprendendo aos poucos e a prática vai aperfeiçoando nossa coordenação, equilíbrio e percepção para a execução de cada estágio.

Tudo que vivenciamos e experienciamos passa por etapas de evolução. Ninguém é obrigado a saber tudo ou executar perfeitamente de primeira.

Particularmente, não acredito em genialidade.

Na minha opinião, o que existe é um esforço contínuo em se aperfeiçoar em algo e cada um tem seu esforço e sua velocidade em aprender determinada habilidade.

Todos nós podemos aprender o que quisermos.

É claro que algumas coisas podem levar mais tempo que outras, mas com empenho e dedicação tudo é possível de se alcançar, mas, infelizmente, tendemos a focar no fracasso de uma etapa do aprendizado do que em procurar meios em superar este obstáculo.

Fracassos são inevitáveis, mas podemos evitar o senso comum em relação ao insucesso.

Devemos evitar esta ideia comum de que não podemos evoluir ou aprender algo só porque não conseguimos sucesso em nossas primeiras experiências. Se nos apegarmos sempre a ideia de que não conseguimos executar tal coisa, viver é um grande desperdício.

Viver só tem sentido se somos estimulados a superar nossos fracassos.

Cada um de nós possui uma série de insucessos e alguns são bem doloridos em nós, mas são estes insucessos que nos incomodam e nos devem estimular a buscar ser melhor. Isto é mais do que uma atitude humana, é algo puramente divino, pois isto é a base de uma conversão.

Conversão é quando abandonamos um proceder que gera fracassos, é quando observamos que determinada atitude nos causa um revés e procuramos evitar cometer o mesmo erro novamente.

Converter-se é um processo que possui altos e baixos e, assim como todo processo, vamos nos deparar com dificuldades de execução, mas isto não deve ser motivo de vergonha ou desanimo.

Há aqueles que conseguem rapidamente trilhar o caminho da conversão e aqueles (e acho que estou neste grupo) que demoram um pouco mais e isto é normal. Contudo, invejosos do jeito que somos, tendemos a apontar o dedo para os outros e nos medir com a medida deles, ou seja, pensamos que somos inferiores a aqueles que possuem esta graça de conseguir progredir mais rapidamente. Até criticamos os atos destas pessoas, dizemos que é bobagem levantar cedo para rezar ou que rezam demais ou que passam o tempo todo na igreja.

Somos tolos em nos comparar com os outros.

Cada um de nós possui um tempo próprio, mas isto não pode ser desculpa para postergar nosso avanço no caminho da santidade. Não podemos permitir que o fracasso de não ter rezado o rosário hoje seja pretexto para não rezar amanhã, pelo contrário, deve ser combustível para que rezemos com mais fervor amanhã!

E também não devemos julgar quem procura vivenciar e avançar cada vez mais neste caminho. É triste ver padres criticando outros padres porque se dispuseram a rezar com o povo pela internet. Se este caminho não lhe atrai, busque outro que te leve a Deus e não seja invejoso com quem consegue ir por ali.

Achamos que só o nosso jeito de rezar ou de buscar a Deus é o correto, mas isto é uma grande besteira, pois Deus utiliza quem e o que quiser para nos atrair até Ele. Isso também ocorria na igreja primitiva:

“A vós, irmãos, não vos pude falar como a homens espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Eu vos dei leite a beber, e não alimento sólido que ainda não podíeis suportar. Nem ainda agora o podeis, porque ainda sois carnais. Com efeito, enquanto houver entre vós ciúmes e contendas, não será porque sois carnais e procedeis de um modo totalmente humano? Quando, entre vós, um diz: “Eu sou de Paulo” – e outro –: “Eu, de Apolo” –, não é isso um modo de pensar totalmente humano? Pois quem é Apolo? E quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio abraçastes a fé, e isso conforme a medida que o Senhor repartiu a cada um deles: eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edi­fício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) irá demonstrá-lo. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o cons­trutor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo. Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o Templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado – e isso sois vós. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se julga sábio à maneira deste mundo, faça-se louco para tornar-se sábio, porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois (diz a Escritura) ele apanhará os sábios na sua própria astúcia (Jó 5,13). E em outro lugar: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, e ele sabe que são vãos (Sl 93,11). Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.” (I Coríntios 3, 1 – 23)

Que aprendamos com todos os nossos fracassos e tenhamos uma mentalidade construtiva no caminho dos aprendizados e da nossa conversão diária, com a finalidade de devolver todos os dons e graças recebidos de Deus. Que não sejamos invejosos e trilhemos nossos caminhos sob a Luz Divina do Espírito Santo. Que nos ajudemos mutuamente e sejamos cordiais e solícitos aos que sofrem com os insucessos da vida pessoal e espiritual. Que sejamos verdadeiros Cristãos Católicos.

De um católico qualquer,
Gabriel Bondioli Piterutti


A foto que escolhi: Que não tenhamos medo dos fracassos, que possamos "passar a borracha" nos erros e começar novamente a "escrever" nosso caminho até o Céu.
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